segunda-feira, novembro 12, 2012

|Especialista| ~ Filhos entre primos: uma escolha arriscada?

Olá pessoal, como foram de fds?! Aqui choveu o fds todinho, bom pra ficar embaixo das cobertas vendo filme e comendo pipoca, mas com uma espoletinha de 3 anos, quem consegue?! :)

Para começar a semana com o pé direito nosso post é a colaboração da Dra Maria Cecília Erthal nossa especialista em reprodução humana e que falará sobre o risco de doenças genéticas nos filhos gerados entre primos.
Casamento em família é uma prática das mais antigas. Mas, quando casais de primos decidem ter filhos, o medo de que o bebê venha a ter problemas de saúde está sempre presente. Até que ponto essa preocupação tem fundamento e que técnicas já estão disponíveis para deixar os pais mais tranquilos?

Com vcs a palavra da especialista!

Fonte Imagem: Google
 
A preocupação de primos que querem ter filhos tem razão de ser, pois a consanguinidade está associada a um aumento significativo do risco de aparecimento de alguma doença autossômica recessiva no feto. Uma gravidez entre primos pode realmente aumentar o risco de originar crianças com problemas genéticos.
No caso de primos em primeiro grau, a chance de anomalias congênitas é de 6% a 7%. Para segundo e terceiro, esta cai para 5% e 4%, respectivamente. A importância do fator genético pode ser comprovada ao comparar o risco de anomalias em casais não consanguíneos, que é de 2% a 3%, e o de filhos de relações incestuosas (entre pais e filhos ou irmãos), que sobe para 35%.
Outra observação importante é que, mesmo na ausência de histórico familiar de casos que possam sugerir ameaça de doença recessiva específica, existe um risco difuso para milhares de doenças gênicas potenciais, como retardo mental, cegueira, surdez, nanismo e síndromes mal formativas. E as doenças genéticas podem surgir não apenas na infância. Cerca de 25% delas se manifestam no nascimento e os outros 75% ocorrem, em média, até os 15 anos, como as relacionadas à surdez e à cegueira.
Apesar dos riscos, os casais de primos podem sim reduzir as chances de problemas futuros. Antes da gravidez, uma consulta ao geneticista é fundamental, pois quando existe alguma doença genética na família, o risco aumenta muito, passando de 13% para 25%. A orientação é procurar um geneticista para aconselhamento genético e fazer um histórico genealógico, que pesquisa doenças hereditárias e verifica se há risco específico de algumas delas. Se houver, pode-se fazer uma avaliação para aquela doença. Os exames mais comuns são eletroforese de hemoglobina, pesquisas de mutação e bioquímicos.
Já durante a gravidez, o cuidado não deve ser menor. Se não houver outro fator de risco ou história de doença recessiva específica na família, o diagnóstico pré-natal pode recorrer a técnicas de triagem geral de defeitos estruturais do feto, como, por exemplo, a ultrassonografia de alta resolução com biometria fetal. Recomenda-se ultrassonografia nas 16ª, 19ª e 22ª semanas de gravidez, para verificar o perfil anatômico fetal e o crescimento intrauterino.
Além disso, o bebê fruto do relacionamento entre primos deve ter uma triagem neonatal ampliada e um acompanhamento mais cuidadoso por toda a infância. O ideal é que os pais tenham o cuidado de fazer a avaliação oftalmológica e da audição ao nascimento e aos três meses de idade. Depois, manter acompanhamento pediátrico regular, ao menos a cada seis meses na fase infantil.
Dra. Maria Cecília Erthal é especialista em Reprodução Humana Assistida e diretora-médica do Vida - Centro de Fertilidade da Rede D'Or www.vidafertil.com.br

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