Hoje tenho o prazer de apresentar mais uma especialista que irá contribuir com textos relevantes sobre a sua área de atuação: Dra. Regiane Glashan!
Seu currículo é bem extenso, vai da enfermagem à biologia, passando pela terapia pscicanalítica e reabilitação, ela oferece aconselhamento e consultoria em amamentação, cursos gratuitos de preparação para o parto e também escreve o blog Terapeuta de Bebês onde compartilha seus conhecimentos e experiências em sua área de atuação além de ser professora da Unifesp.
Nesse seu texto de estréia aqui no blog ela falará sobre a Depressão pós parto, um assunto um tanto delicado mas não menos raro pois pode incidir em 10 a 15% das puérperas e quando é necessário buscar ajuda.
Com a palavra, Dra Regiane!
Fonte Imagem: Google |
Muitas mulheres passam por momentos conturbados em
suas vidas quando deparam com a impossibilidade de realizar seu sonho tão
esperado, o de ser mãe.
Dra. Regiane Glashan, dentre outras qualificações, é terapeuta de bebê e criança e escreve o blog Terapeuta de Bebês.www.terapeutadebebes.com.br
Algumas partirão para o
ataque e se submeterão a inseminação artificial, a tratamentos hormonais e sei
lá mais o quê, que a tecnologia médica, dispõe nos dias atuais. Outras mulheres
optarão pela adoção. Outras sentiram a maternidade como algo estranho, independente
de terem tido um filho por vias naturais ou não.
É de se esperar que
conflitos apareçam frente a qualquer uma das opções. Mas o desejo de ser mãe se
torna imperativo e as barreiras iniciais podem ser vencidas.
Após uma adoção, uma
gravidez induzida ou natural não é infrequente a recém-mãe ter algum grau de
dificuldade em se vincular ao seu bebê. Ela desempenha suas tarefas maternas
com todo seu afinco: alimenta o seu filhinho, troca-lhe as fraldas, coloca-o
para dormir e etc. Apesar de todos os cuidados oferecidos, esta “novata” ainda
não sentiu o despertar da paixão em seu coração – ou seja, há a dificuldade de
vinculação mãe-bebê.
O que fazer quando isso
acontece?
Fingir que não está
acontecendo nada, delegar os cuidados da criança a uma pessoa teoricamente mais
competente ou procurar ajuda? Penso que a procura por ajuda seja a maneira mais
correta de resolver o impasse e a forma mais sincera de reconhecer que alguém
pode se dispor a mostrar um novo caminho rumo à interação e melhora da relação afetiva.
Os sintomas de desajuste
vincular podem englobar: os distúrbios de sono, alimentação e de afetos na
criança e sentimentos de menos valia e baixa autoestima na mãe. Não é
infreqüente após a vinda do bebê ao lar, a mãe sentir-se insegura, ter pensamentos
e sentimentos ambivalentes pelo bebê e reviver sua própria história (de bebê e
de criança) neste período.
A fase de adaptação que
poderia transcorrer sem muitos problemas, se transforma em uma enorme nuvem
negra com muita chuva, relâmpagos e raios. Dependendo da resposta emocional da
mãe, ela pode acabar sofrendo em sua própria solidão os sentimentos de desafeto
e desamparo, acompanhado de forte sentimento de incapacidade de cuidar e
acolher seu filhinho.
Muitos desses afetos
estão relacionados com o desejo de um filho idealizado que ao chegar em casa
não corresponde ao ideal dos sonhos maternos e ai a dura realidade se interpõe
as fantasias iniciais de ter um filho. Filho este real e para sempre!
Dependendo da rede de apoio dessa mulher, ela pode se sair muito bem e superar
a fase conturbada. Poderá contar com o esposo, parentes e amigos próximos que
lhe darão continência e afeto para seguir em frente na jornada de ser mãe.
Entretanto, essa mesma mulher pode evoluir para uma história clínica mais severa
e um quadro de depressão pós-parto (DPP) pode se instalar.
A DPP não é tão rara e
pode incidir em 10 a 15% das puérperas. Exibem sintomas acentuados de tristeza,
insônia, alteração do apetite, rejeição ao bebê e perda da vontade de fazer as
coisas mais simples. A mulher, quando tem um bebê, se fragiliza de uma maneira
natural e esperada, e é esta fragilização, normal e esperada que a aproxime de
seu bebê. Entretanto, em algumas mulheres essa regressão saudável não acontece
e a intercomunicação mãe-bebê se torna deficitária e prejudicada.
Não nego que a vinda de
uma nova pessoinha ao lar requer uma adaptação e maior flexibilidade do sistema
familiar e da própria conjugalidade. A mulher acaba dormindo menos, os afazeres
da casa e o conflito com o lado mulher ressurgem como fantasmas que assombram e
parece que não querem ir embora. A vantagem de tudo isso, é que é uma fase
passageira e logo as coisas entram no ritmo esperado. Por outro lado, quando
isso não caminha de maneira suave ou quando a crise no novo ciclo de vida se
acentua, é bom saber que existe tratamento, que pode nos ajudar e partilhar um
caminho mais suave dentro da nova realidade estabelecida – a chegada do bebê ao
lar.
Dra. Regiane Glashan, dentre outras qualificações, é terapeuta de bebê e criança e escreve o blog Terapeuta de Bebês.www.terapeutadebebes.com.br
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